Agressão, tortura, estupro, violência psicológica, abandono… palavras que geram incômodo só de serem ouvidas, imagine o que causam em quem viveu. Mais assustador ainda é saber que essa é uma realidade de inúmeras crianças gonçalenses, que, mesmo após conseguirem ajuda para buscar a polícia, passam pela dor de reviver todo o trauma ao ter que contar para os investigadores o que sofria. Pensando nisso, dentro das normas exigidas em lei, policiais da 72°DP (Mutuá) se especializaram, se prepararam e, essa semana, vão inaugurar uma sala exclusiva para atendimento humanizado infantil.
O processo inicial de confecção de registro de ocorrência acontecerá da mesma forma, com uma pessoa maior de idade denunciando o caso. Contudo, quando o caso virar inquérito e a criança precisar ser ouvida, o depoimento acontecerá na sala exclusiva, com privacidade, ambiente controlado e, acima de tudo, humanizado.
Preparada com todo carinho pela equipe da 72° DP (Mutuá), o ambiente infantil foi instalado numa parte da sala de reuniões da distrital. Com doações dos próprios servidores públicos, a sala ganhou cor, brinquedos, decorações, tapete, além de mesa e cadeira para desenhos. A ideia do local é permitir que a criança se sinta segura, e estabeleça uma relação com o policial, fazendo com as memórias sejam narradas de uma forma menos dolorosa.
Para o delegado Allan Duarte, titular da delegacia, o espaço vai agregar muito para todos os envolvidos.
“A sala infantil será mais uma ferramenta para auxiliar nossos policiais. A sala foi criada dentro das normas e servirá como apoio, para que as crianças ganhem confiança e contém os fatos sofridos, de uma forma menos dolorosa possível”.
Para esse atendimento especial, quatro policiais da distrital se especializaram com o curso de Treinamento para Depoimento Especial com Crianças.
“Estamos com policiais especializados no atendimento à criança e ao adolescente para realizar esse trabalho de uma forma mais sensível e tranquila. Como São Gonçalo não tem uma delegacia especializada nesse atendimento, é importante para a população um local onde sintam que suas crianças são acolhidas”, finalizou o delegado.
Policial há três anos, uma inspetora da distrital falou sobre a conquista para a cidade.
“Eu fiz o curso para poder ajudar a população mesmo. Aprender a lidar com as crianças vítimas. Conseguir estabelecer uma relação. No treinamento aprendemos técnicas específicas para colher o depoimento. Pois com adulto a gente pode perguntar pontualmente e ele vai responder sim ou não. A criança pode confundir. Então, não se pode perguntar se aconteceu isso ou aquilo. A abordagem é diferente. O acolhimento é diferente”, explicou.
A inspetora ainda destacou que o atendimento especial não tem objetivo de substituir o trabalho com psicologia ou outros atendimentos que a criança deva receber.
“Aqui somos todos policiais e vamos fazer o trabalho de apurar o crime. O treinamento é para que isso aconteça de uma forma menos sofrida”, explicou.
A primeira oitiva realizada com apoio do ambiente da sala exclusiva acontecerá no próximo dia 24. Depois, seguirá sendo usada por crianças e adolescentes, até 17 anos completos, vítimas de violência de qualquer tipificação.
O São Gonçalo
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