A estudante Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos, morta após ser atingida por um ultraleve, chegou na casa dos pais em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um dia antes do acidente. Ela veio ao Rio após desfilar no 7 de setembro, Dia da Independência, em Campinas.
No sábado pela manhã, a jovem e o pai foram caminhar na pista do Aeroclube de Nova Iguaçu.
“Ela estava super feliz por estar na EsPCEx e veio [para Nova Iguaçu na sexta-feira à noite] para o casamento do meu primo no sábado e voltaria após a festa. Ela não gostava de se atrasar ou chegar em cima da hora”, destacou o rapaz, lembrando que o pai estava à frente na pista e a irmã atrás, quando o acidente aconteceu.
A família chegou por volta das 10h no Instituto Médico Legal (IML) para identificar o corpo de Caroline. A jovem nasceu cresceu na cidade da Baixada Fluminense, e estava morando em Campinas desde janeiro, após passar para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército.
Caroline teve morte cerebral e a família decidiu doar os seus órgãos. O enterro de Caroline será nesta terça, às 16h, no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, em Mesquita, na Baixada Fluminense.

Aeroclube não tinha autorização
O Aeroclube Nova Iguaçu, onde a estudante foi atingida pelo ultraleve, não tinha autorização para funcionar, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A moça praticava esportes na pista quando aconteceu o acidente.
“O Aeroclube de Nova Iguaçu não está inserido no cadastro na ANAC e, portanto, não pode operar como aeródromo. Isso significa que não são permitidas operações com aeronaves no local”, diz a nota da agência.
Uma mulher que é caseira e mora há mais de 20 anos no aeroclube diz que o local está interditado para voos. Apesar disso, muitos pilotos usam o espaço para treino, segundo ela.
“O pessoal entra por trás. Aí, aconteceu esse acidente. A gente não estava aqui no dia. Eu caminhava lá atrás também. Só que um dia eu e a minha filha saímos correndo porque o ultraleve veio em cima da gente. Depois desse dia eu não fui mais. Eles sobem e descem fazendo treinos. Aos finais de semana isso é comum. A pista está interditada há mais de três anos. Mas eles olham e decolam sempre”, diz Zuleica Castro do Nascimento.
Segundo frequentadores do local, é comum a presença de cavalos, motos, bicicletas e até carros no aeroclube.
O caso foi registrado na 58ª DP (Posse), que investiga o acidente.

Nesta segunda (11), a Polícia Civil do RJ fez uma perícia no ultraleve que atingiu Caroline.
O ultraleve — Flayr GT — é da década de 1990 e tem cerca de 12 metros de envergadura. Ele precisa de menos de 200 metros de pista para decolar. Ele atinge até 1000 pés (chega a 350 metros de altura) e atinge de 70 a 80 quilômetros por hora. O modelo é de categoria abaixo de 200 kg e leva até 2 pessoas.
O piloto apresentou a documentação e, de acordo com os peritos, ele estava fazendo testes com o ultraleve.
Segundo especialistas, antes de voar, o piloto precisa fazer o ajuste do equipamento. Caroline foi atingida a cerca de 300 metros da pista de intercessão.
“A aeronave tem 10 metros de envergadura numa pista de 30 metros. Sobra uma área de escape de no mínimo 10 metros para cada lado. Agora tem que ouvir testemunhas e saber o que aconteceu para a aeronave perder o eixo da pista e viajar por mais de 10 metros até atingir as pessoas que estavam no canto da pista”, disse o delegado José Mário Salomão de Omena, titular da 58ª DP, após a perícia.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/09/12/estudante-morta-por-ultraleve-tinha-vindo-ao-rio-para-ir-a-um-casamento-no-dia-do-acidente.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=rjtv