No leste do Quênia, a polícia encontrou mais 26 corpos neste domingo (23), elevando o número total para mais de 50 cadáveres descobertos em pouco mais de uma semana. A investigação é sobre a morte de seguidores de uma seita religiosa, a Igreja Internacional da Boa Nova, dirigida por Makenzie Nthenge. Ele teria instado seus seguidores a jejuar para “conhecer Jesus”. Na semana passada, as autoridades encontraram os corpos de quatro adeptos da seita após uma denúncia que apontava a existência de uma possível vala comum.
Contudo, muitos adeptos da seita ainda estão escondidos em uma área de mata. Uma mulher foi encontrada neste domingo pelas autoridades com os olhos esbugalhados e recusando-se a ingerir alimentos, antes de ser transferida em uma ambulância. A mulher “recusou absolutamente os primeiros socorros e fechou a boca com força, negando-se a comer e quis continuar seu jejum até a morte”, declarou à AFP Hussein Khalid, membro da organização Haki Africa, que alertou a polícia sobre as atividades da seita.
Outros 11 fiéis, sete homens e quatro mulheres de entre 17 e 49 anos, foram hospitalizados na semana passada após receberem ajuda na região de mata, conhecida como Shakahola. O líder da seita, Makenzie Nthenge, compareceu à polícia em 15 de abril, antes de ser detido. Segundo a imprensa local, seis seguidores de Makenzie Nthenge também foram detidos.
Em um relatório, a polícia indicou que recebeu informações sobre várias pessoas “mortas de fome com o pretexto de conhecer Jesus depois que um suspeito, Makenzie Nthenge, pastor da Igreja Internacional da Boa Nova, fez nelas uma lavagem cerebral”. De acordo com a mídia local, Makenzie Nthenge tinha sido detido e indiciado no mês passado depois que duas crianças morreram de fome enquanto estavam sendo cuidadas por seus pais. No entanto, ele pagou uma fiança de 100.000 xelins quenianos (R$ 3.728) e foi liberado.
Homens vestidos com uniformes brancos e máscaras continuam escavando a terra em busca de outros corpos, constatou neste domingo um jornalista da AFP. “Muitos agentes de segurança foram enviados para a mata de quase 320 hectares, que está cercada e declarada como cena de crime”, afirmou no Twitter o ministro do Interior, Kithure Kindiki, que acrescentou que vai comparecer ao local na terça-feira. O caso será apreciado pela Justiça em 2 de maio. Sebastian Muteti, responsável pela proteção da infância no condado de Kilifi, declarou à AFP que é “um duro golpe e uma grande comoção para nosso país”.