O Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu proibir os médicos de recomendar terapias hormonais à base de testosterona para fins estéticos. A partir de hoje (11), médicos que prescreverem hormônios masculinos a pacientes para ganho de massa muscular poderão ser julgados e punidos pelo CFM.
“Houve um aumento recente no uso desses hormônios, e não existe uma dose mínima segura, como afirmam alguns usuários. Por isso estamos proibindo essa prática”, diz José Hiran Gallo, presidente do CFM.
A proibição não afeta terapias que utilizam hormônios masculinos para outras funções, como no processo de transição de gênero ou no tratamento de doenças endócrinas e deficiências naturais do corpo. A proibição se restringe apenas ao uso de hormônios para melhorar o desempenho na academia. Segundo o CFM, essa prática não tem eficácia comprovada e pode levar a internações graves.
“Para os médicos que agem com ética, seguindo orientações e evidências, nada vai mudar. Essa medida visa coibir a atuação de profissionais que agem de forma incorreta”, afirma a relatora do CFM e conselheira federal, Annelise Menegusso.
O uso de hormônios masculinos como esteroide anabolizante pode trazer uma série de consequências para os pacientes. A resolução é corroborada por estudos que mostram aumento de casos de problemas de saúde entre os usuários, principalmente problemas cardíacos. A suplementação desnecessária pode levar à hipertensão, arritmias cardíacas e aumento do risco de ataques cardíacos. Além disso, também existem estudos que indicam que o uso dessas substâncias está relacionado ao surgimento de doenças hepáticas e distúrbios de agressividade.
Nos homens, o uso de esteróides anabolizantes pode levar à dependência e infertilidade. As mulheres também podem enfrentar problemas com modificações corporais, inclusive com acentuação de características masculinas, além de todos os riscos citados acima.
A resolução foi resultado de oito meses de discussão no CFM. Todas as entidades médicas consultadas antes do parecer foram unânimes em concordar com as restrições totais impostas.
Além de impedir que os médicos recomendem o uso de hormônios para fins estéticos, a decisão do CFM também proíbe a promoção desse tipo de suplementação. Assim, eventos e palestras que promovam esse tipo de suplementação não podem ser realizados. Cursos que vinculem o uso de terapia hormonal ao desempenho atlético ou físico também não serão permitidos.
A resolução também destaca que são proibidos os usos experimentais de suplementos hormonais sem autorização prévia das autoridades competentes. “Apesar de alguns profissionais avaliarem que há aumento de performance e ganho muscular para quem utiliza esse tipo de terapia hormonal, os riscos à saúde tornam seu uso um risco injustificado”, conclui o parecer do CFM.
