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Conar abre processo ético contra Volkswagen com uso de deepfake em dueto entre Elis Regina e Maria Rita

Conar abre processo ético contra Volkswagen com uso de deepfake em dueto entre Elis Regina e Maria Rita

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) iniciou um processo ético para analisar uma campanha da Volkswagen lançada em 4 de julho deste ano. A campanha, que utilizou inteligência artificial, é alvo de avaliação para determinar se infringiu o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

O vídeo foi criado para comemorar os 70 anos da Volkswagen no Brasil e apresentava um dueto simulado entre Elis Regina, falecida há 41 anos, e sua filha Maria Rita. A propaganda utilizou a técnica conhecida como “deepfake”, que cria montagens realistas com rostos de pessoas.

Em comunicado, a Volkswagen afirmou que “o uso da imagem de Elis Regina na campanha foi acordado com a família da cantora” (confira o posicionamento completo da empresa no final desta reportagem).

O processo foi instaurado após uma denúncia do advogado Gabriel de Britto, que argumentou ao Conar que Elis Regina, por estar falecida, não poderia “reivindicar o uso de sua própria imagem”.

No documento enviado ao Conar, o advogado explicou que o direito de imagem protege a personalidade física da pessoa, enquanto o direito autoral protege a obra criada pela pessoa. Ele destacou que apenas o direito autoral é transmitido aos herdeiros.

Segundo o advogado, a campanha viola pelo menos cinco artigos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, além do Anexo O relacionado a veículos motorizados, que proíbe sugestões de uso do veículo que coloquem em risco a segurança pessoal do usuário e de terceiros.

Britto argumenta que, na campanha em questão, ambas as motoristas dos veículos estão cantando e olhando uma para a outra enquanto dirigem, o que configura distração e imprudência, já que deveriam manter o olhar fixo no caminho e nas normas de trânsito.

A campanha em questão começa com Maria Rita dirigindo um modelo moderno e 100% elétrico da Kombi, enquanto canta a música “Como nossos pais”, sucesso interpretado por Elis Regina na década de 1970. O vídeo continua com imagens de carros emblemáticos da Volkswagen, como Fusca e Brasília. Em seguida, uma Kombi antiga, conduzida por Elis Regina (por meio de uma atriz dublê), se aproxima do carro de Maria Rita para criar o dueto.

A técnica “deepfake” foi utilizada para inserir o rosto de Elis Regina no vídeo lançado em 2023. Uma tecnologia de reconhecimento facial foi empregada para essa finalidade.

A Volkswagen, em seu posicionamento, informou que a nova campanha institucional celebra os 70 anos da empresa no Brasil, destacando sua evolução, portfólio renovado e a chegada de veículos elétricos ao país. O objetivo era criar um momento único utilizando inteligência artificial, reunindo Elis Regina e sua filha Maria Rita, duas figuras icônicas da música brasileira. A empresa afirmou que obteve consentimento da família de Elis Regina para utilizar sua imagem na campanha.

A escolha da música “Como Nossos Pais”, de Belchior, interpretada por Elis Regina, foi feita devido à sua representatividade na história brasileira e simbolizando a necessidade de novos tempos.

A intenção da Volkswagen com a campanha era destacar a transição entre gerações e a renovação da marca, utilizando a Kombi como símbolo do passado e o modelo ID.Buzz, totalmente elétrico, como representante do futuro.

A empresa reforçou seu orgulho em ser uma marca presente na vida dos brasileiros, com mais de 25 milhões de veículos produzidos no país. A Volkswagen destacou seu compromisso de ser uma empresa cada vez mais humana e próxima das pessoas, promovendo ações como essa que possibilitaram o encontro simbólico entre mãe e filha, duas estrelas da música que permanecem nos corações dos brasileiros.